quinta-feira, 13 de outubro de 2011

A arte de estragar a música dos outros

Inspiração - este é o segredo do artista, seja ele de qualquer gênero. Na música, e claro, no rock, que é o nosso foco aqui, este "pequeno detalhe" é a diferença entre a música medíocre e a obra de arte. Sim, amigos, existe rock ruim. E como existe. Os anos 80 e o hard rock que o digam...
Se não bastasse este fato, existem artistas que são peritos em estragar a música dos outros. Quando a obra em questão é ruim, dane-se. Agora, quando falamos de verdadeiros clássicos do rock'n'roll, versões vagabundas são imperdoáveis. Na coluna desta semana, gostaria de destacar algumas pérolas do gênero. Músicas boas, clássicas que foram detonadas por versões horrorosas de bandas e músicos sem talento.

1- Wuthering Heights

Em 1978, a cantora performática britânica Kate Bush, conseguiu o que parecia impossível - musicar uma das obras mais importantes da literatura mundial. No caso, o "Morro dos Ventos Uivantes", da escritora Emile Brontë. Kate Bush e sua genialidade foram descobertas por David Gilmour, do Pink Floyd, quando ela cantava na Escola, onde estudava música e teatro. O faro de Gilmour foi certeiro: no primeiro álbum, Kate tornou-se a primeira mulher a atingir o topo das paradas de sucesso na Inglaterra, com uma música de sua autoria - no caso, Wuthering Heights.
Eis que, em 2011, em um evento tão bizarro quanto o Rock in Rio, Tarja Turunen, uma das cantoras mais canastronas do rock resolve assassinar este clássico, com a sua voz em falsete, de soprano de araque. E juntamente com a banda Angra, que perdeu o seu principal alicerce - o vocalista André Mattos - e não passa de uma banda de um músico só - o talentoso guitarrista Kiko Loureiro. Abaixo, o clássico e a heresia cometida por esta cantora horrorosa, que só convence adolescentes que gostam de "Crepúsculo":



2- Starman

Você já ouviu falar de David Robert Jones? E de David Bowie, certamente que sim... é um dos maiores nomes do rock, e um dos músicos mais inovadores e versáteis da música popular. Tanto que é apelidado de "camaleão". Em 1972, David lançou um dos álbuns mais importantes da história do rock (The rise and fall of Ziggy Stardust and the spiders from Mars), que seria o pioneiro de um gênero muito importante nos anos 70 e 80 - o glam rock. Neste álbum, estava a música Starman, considerada a mais importante deste álbum e, naturalmente, lembrada até hoje como um grande clássico do rock'n'roll e uma das obras mais significativas para a música popular no século XX.
Eis que, nos anos 80, "Nenhum de Nós", uma das mais horrorosas  bandas que já surgiram no cenário nacional resolve estragar este clássico com uma versão das mais vagabundas que já tive o desprazer de ouvir - a famigerada "Astronauta de Mármore". Esta música é muito ruim. Aliás, bandas ruins fazem música ruim. E a banda "Nenhum de Nós" vêm fazendo isso até hoje, infelizmente.
Abaixo, o clássico de David Bowie e a ruindade do Nenhum de Nós.





3- Happy Christmas (War is Over)

Em 1971, John Lennon e Yoko Ono resolveram protestar contra a guerra do Vietnã. E resolveram fazê-la com uma belíssima canção de Natal - que na verdade, nada tinha a ver com o Natal... E, então, surgiu "Happy Christmas (War is Over)". Um hino pacifista, cantado por John, Yoko e sua Plastic Ono Band, acompanhada por um coral de crianças. Uma música imortal. que será sempre lembrada por sua beleza, e principalmente por seu significado.
Até que, uma cantora brasileira monstruosa chamada Simone cometeu um dos maiores assassinatos da história da música, com a versão "Então é Natal". Lá em cima, John chora sempre que ouve esta música, especialmente quando é tocada em Igrejas, nas missas natalinas. Simplesmente podre. Não tenho palavras para descrever o quanto esta música é ruim. Simone já havia assassinado um clássico da MPB (Prá não dizer que não falei de flores, de Geraldo Vandré). Faltava cometer este crime, infelizmente consumado - o de execrar uma das mais belas canções da história do rock'n'roll.
Veja a música de John, e  abaixo a versão de Simone, e chore. De raiva.


4 - If i feel

Estragar uma música dos Beatles deveria ser considerado crime contra a humanidade. Pra gurizada que não sabe, os Beatles são (sim, SÃO, porque Beatles são imortais) a banda de rock'n'roll mais importante de todos os tempos. Se você gosta de rock hoje, seja hard, progressivo, metal, punk... , deve a esses caras: John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr. Se não fosse por eles, você não estaria ouvindo suas rock songs favoritas, nem tendo o prazer imenso de ler a minha coluna. Por isso eles são importantes, e suas canções, reverenciadas. Mais adiante, vou escrever uma coluna especial sobre os Beatles e seu legado para a música.
Enfim, "If i feel" foi gravada no álbum "A hard day's night", de 1964. O terceiro da carreira dos fab four. É uma bela canção, assassinada por Rita Lee na famigerada "Pra você eu digo sim". Rita Lee é legal, tem  história, é uma precursora do rock no Brasil, mas não poderia dar-se o direito de cometer este sacrilégio com uma música dos Beatles.  "Pra você eu digo sim" é ruim de doer. Transformou uma ingênua canção de amor em uma música piegas e de mau gosto. Titia Rita, que tem todo o meu respeito e admiração, não podia ter feito isso...


Estes são exemplos de atrocidades cometidas com clássicos. E teria mais, mas eu ficaria aqui escrevendo o dia todo, de tanta versão ruim que existe. Nem vou falar de Mílton Nascimento matando a música do Queen, ou Cláudia Leitte destruindo Pink Floyd, porque seria demais.
Claro, pessoal, existem boas versões. Cito, por exemplo, Live and let die, de Sir Paul McCartney, que ficou ótima em uma versão do Gun's n'Roses, a ponto de ninguém se lembrar que a música é de Paul...
Na próxima semana, vou escrever sobre bandas dos anos 80 - mas, só as boas.

Até a próxima, e longa vida ao rock'n'roll!

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