Eu prometi, no post passado, que não comentaria mais nada sobre o Rock in Rio. Mas, não aguentei. Especialmente por causa do último dia de atrações (?) do festival.
Situando o leitor, o Rock in Rio foi um festival de música, que não teve o rock'n'roll como principal protagonista. Desfilaram artistas pop tenebrosos e cantoras de um gênero que não ouso chamar de música: o axé. As bandas de rock que pisaram nos palcos, com exceção de poucos e inspirados (como o Metallica, o Motörhead, Sepultura e Tambours du Bronx e Slipknot), fizeram shows medianos e burocráticos e até ruins mesmo.
Este último dia, apresentou algumas bandas de rock bozinhas, que não comprometeram. Vamos analisar as atrações deste dia 02 de outubro, no palco mundo e o único show que assisti do palco sunset.
No palco sunset, o único show que tive paciência pra assistir (até porque, o péssimo Marcelo Camelo não me faria perder tempo nem se fosse o último músico do planeta terra) foi Titãs, com a banda portuguesa Xutos e Pontapés.
Duas bandas clássicas de seus países. Se, por um lado não conhecemos muito o Xutos, que achei uma bandinha interessante, o Titãs é um gigante do rock nacional. Gigante adormecido, claro. Mas, mostrou que ainda sabe fazer um bom rock'n'roll quando quer. E parece que, quando livre da sombra dos chatíssimos ex-membros Nando Reis e Arnaldo Antunes, a banda sobra em peso e vigor. Tocaram clássicos dos primeiros discos. Foi um show legal. Tomara que, nas apresentações futuras, o Titãs envergue por esses caminhos menos tortuosos: os clássicos antigos em vez das horrorosas músicas novas.
No palco mundo, algumas boas surpresas: a começar pelo Detonautas. Sinceramente, eu não esperava muito desta banda, mas me surpreendi. O vocalista Tico Santa Cruz tem boa presença de palco, e a banda é boa, com peso e consistência. A dupla da cozinha, baixo e bateria, são um motor de caminhão. As mensagens políticas também foram destaque. Gostei, embora ainda me irritem os hits radiofônicos desta banda.
Depois, o show da Pitty. Sinceramente, não gosto da música desta moça, embora ela tenha competência e conhecimento musical suficiente para fazer coisa melhor (Pitty fez faculdade de Música!). As letras da Pitty são feitas para adolescentes e pessoas com idade mental inferior a 15 anos. Mas, a falta de consistência nas letras é compensada com uma banda muito boa. Um baterista com mão pesada, um excelente guitarrista e um baixista que sabe tocar muito. A presença de palco da Pitty também é destaque. Quando foi chamada de "gostosa" pela platéia, Pitty devolveu com uma brincadeira que levou o público às risadas. Sabe fazer um bom show, com competência. É uma grande artista. Poderia melhorar suas letras.
Evanescence é uma banda fake. Tem um peso fake. Tem uma vocalista fake. Se você é fã de Crepúsculo, de chorar e de se fazer de triste, deve adorar esta banda. Mas a verdade é que Evanescence é muito ruim. A rechonchuda Amy Lee canta num falsete horroroso, emulando uma soprano de ópera o tempo todo. É uma Tarja Turunen piorada. Se a original já é terrível, imagina a genérica. Os instrumentistas são bons, mas não convencem tocando uma música de mentirinha. Resumindo: é só pra quem gosta, é muito fã mesmo. Porque, se você nunca ouviu Evanescence, certamente irá odiar.
System of a Down fez o melhor show da noite. Capitaneados pelo bom vocalista Serj Tankian, o System foi o bálsamo para os ouvidos da noite. Tocaram seus clássicos, como "Chop Suey", "BYOB" e "Toxicity". A sonoridade mais "metal" desta banda me agradou. Peso suficiente para uma banda com hits radiofônicos demais. Porém, achei interessante. Foram duas horas de boa música. Só este show valeu o ingresso.
Sabe aquela marchinha de Carnaval do Sílvio Santos: "A pipa do vovô não sobe mais..."? Pois é. A Pipa do Axl Rose não sobe mais. E não é porque ele está gordão. É porque o Guns'n'Roses atual é uma caricatura. Sinceramente, esta banda devia ter acabado nos anos 90. Para começar o show de horrorres, o show começou com 1 hora e 25 minutos de atraso. O visual de Axl também é o que existe de pior. Com uma capa amarela para disfarçar a pança, e uma bandana horrível com um chapéu por cima. Além de, provavelmente, estar totalmente travado, pois, cumprimentou a platéia dizendo "good morning". Trocou de roupa várias vezes, deixando a banda sozinha no palco, tendo que se virar com temas instrumentais. Claro, todos os clássicos do verdadeiro Guns foram tocados. Não consigo entender como este cara, com esta banda ruim, consegue mobilizar fãs no Brasil com fervor quase religioso. E num gênero que prima pela ruindade: o hard rock farofento, poser, da pior espécie. Esta época ficou no passado, felizmente.
Bem, foi anunciado que, em 2013 vai haver outra edição do Rock in Rio. Já avisaram que vai ser um festival mais "enxuto". Esperamos que o "seo" Roberto Medina tenha bom senso e traga mais bandas de rock. Em vez de fazer só uma noite do rock, faça UMA SÓ noite para os fãs de música pop. E sem cantoras de axé. Tanta banda boa ficou de fora. É a oportunidade de melhorar a reputação deste festival, que, convenhamos: bom mesmo foi em 1985.
Até a próxima, pessoal. E longa vida ao rock'n'roll.
Eu ainda fico me perguntado que raios a Ivete e a Claudia Leite foram fazer lá no Rock in Rio. Seria o mesmo que convidarem o Iron Maiden pra tocar Wasting Love num trio elétrico na micareta. Vai entender... e que venha 2013!!
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