segunda-feira, 4 de julho de 2011

A sonoridade do futebol - Entrevista com Carlos Guimarães

O casamento em 1906 de Charles Miller, pai da bola no país, com Antonieta Rudge, pianista brasileira, foi o pontapé inicial do matrimônio futebol e música. A participação do Brasil no primeiro mundial em 1930 no Uruguai e o começo da “era do rádio” consolidaram as duas maiores paixões da população brasileira até hoje, o som e a bola.

Conforme o jornalista da rádio Bandeirantes AM e Ipanema FM, Carlos Guimarães, 31 anos, Charles Miller e Antonieta Rudge podem ter sido um símbolo de duas culturas nacionais. “Não há cultura, civilização ou período da humanidade que não tenha relação com a melodia. Com o futebol, foi como um encontro à primeira vista. E como paixão combina com paixão, os dois acabaram se confundindo”.

Guimarães começou a trabalhar com o futebol há 11 anos quando esteve na rádio Gaúcha AM, e desde 2008 apresenta o programa de música Sub Pop na Ipanema. Ele acredita que o interesse pelo futebol chegou da mesma maneira que para todo o brasileiro. “A força que o esporte tem praticamente impossibilita a gente de não acompanhar. É parte da cultura do menino mesmo”.

O gosto pela música iniciou cedo com o radialista quando olhava os LPs (discos) de samba do seu avô, como Originais do Samba, Beth Carvalho e Moreira da Silva. A descoberta pelo rock, ocorreu como um estalo ao ver que era aquilo que sonhava, com um disco do Iron Maiden de um colega. “Acho que existe uma magia na arte de um disco”.

De acordo com o radialista Carlos Guimarães, para a maioria das pessoas o futebol e a música funcionam como lazer, mas para ele é um ganha-pão. “Eu ganho dinheiro fazendo isso, é uma maravilha. Não sei o que seria da minha vida sem o futebol e a música. Provavelmente estaria muito frustado”, afirma.

As emissoras FM que atualmente vivem na mesmice de “música + música” apesar de ser uma paixão nacional, têm a necessidade de investir em outras formas de entretenimento, afirma o comunicador Guimarães. “O futebol é uma delas, o formato AM/FM do rádio vai terminar. Ninguém cria uma rádio de notícias, até porque notícia e jogo de futebol não se inventa. Quem quer ouvir música, pode escolher as suas e colocar no ipod, no celular, em casa...”

Para o radialista é uma tendência o futebol e o noticiário estarem no rádio FM. “O AM tem os dias contados. É uma forma absolutamente ultrapassada de veiculação, o som é ruim, a qualidade é péssima. Extinguiram com o vinil e o AM continua vivo. Só vai servir de recordação”.

Hoje a urgência pede um som digital, com opções de interatividade, de dinâmica e de limpeza na audição. “O futebol precisa invadir o FM, tem que acabar a cultura de ouvir futebol com chiado”, conclui Carlos Guimarães.

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Entrevista com Carlos Guimarães [jornalista e apresentador] -> (04/07/2011)
Entrevista com Ramiro Ruschel [jornalista e narrador] -> (05/07/2011)
Entrevista com Rafa Gubert [torcedor e músico] -> (06/07/2011)
Entrevista com Bivis [comunicador e músico] -> (07/07/2011)



Foto: Site Papo de Bola

OBSERVAÇÃO: A entrevista foi realizada no segundo semestre de 2010, para a disciplina Redação Jornalística III, do curso de Jornalismo da UCS, que será publicada no impresso TEXTANDO da universidade.

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